O Alienista

Estamos aqui diante de mais um daqueles livros antigos, conhecidos, cultuados, e que no entanto não são chatos. “O Alienista” é uma leitura deliciosa, com uma história envolvente, uma premissa interessante e uma linguagem agradável e simples.

O enredo é o seguinte: o doutor Simão Bacamarte, um alienista (psiquiatra), resolve construir um manicômio e começa a internar os loucos da cidadezinha onde vive. Com o tempo, ele começa a enxergar loucura nas esquisitices e desajustes de todo mundo, e interna praticamente a população toda.

Depois, temos alguns “plot twists” que nos fazem questionar o conceito de loucura e normalidade – a paranoia do doutor Bacamarte é mais ou menos um reflexo da obsessão por padrões e normatização que permeia a “ideologia” dos tempos modernos.

É como se Machado de Assis tivesse visto, em uma bola de cristal, o quão idiota seria a sociedade do século XX e, em certa medida, até mesmo este nosso século XXI dominado pela ideologia da “felicidade e conformidade obrigatórias”.

Resenhas acadêmicas e reviews de gente séria normalmente classificam “O Alienista” como uma “obra humorística”. Já eu, acho-o bastante filosófico.