Arrecadação registra queda pelo quarto mês seguido, mas dá sinais de estabilização

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Arrecadação registra queda pelo quarto mês seguido, mas dá sinais de estabilização

A arrecadação de receitas federais em setembro de 2023 foi de 174,3 bilhões de reais.

Comparando este valor com o de setembro do ano passado (corrigido pela inflação, claro), constata-se uma queda em valor real de 0,34%.


Acumulado do ano

De janeiro a setembro, o governo federal já arrecadou R$ 1,71 trilhão de reais. Em termos reais, este valor é 0,78% menor do que o do mesmo período no ano passado.

Ainda assim, os valores somados dos nove primeiros meses de 2023 colocam este ano como o segundo melhor desde 2010.


Relação com o PIB

Antes de 2023, tivemos outros três anos em que os valores arrecadados foram menores do que no ano anterior: 2015, 2016 e 2020.

Em 2015 e 2016, a queda de arrecadação ocorreu como produto da queda do Produto Interno Bruto – ou seja, da riqueza real do país – de 3,7% e 7,5%, respectivamente, em meio à recessão que marcou os dois últimos anos do governo Dilma Rousseff.

Em 2020, tivemos uma nova queda do PIB, no contexto da pandemia de Covid-19.

A situação de 2023 é bastante inusitada: os números parciais indicam uma queda da arrecadação dentro de um cenário de crescimento do PIB, projetado pelos especialistas em 2,9%.


Início de uma nova virada?

Relembrando: em plena recuperação pós-pandemia, as arrecadações mensais subiram sem parar, registrando números nunca antes vistos, por um ano e meio – com 2022 batendo todos os recordes da série histórica iniciada em 1995, após a adoção do Plano Real.

Em Junho deste ano, a curva ascendente parou – pela primeira vez, tivemos queda relativa na arrecadação com uma retração de 3,37%.

Em Julho foram 4,2% e, em Agosto, outros 4,14% negativos.

Setembro foi um mês de decréscimo mas, notadamente, um decréscimo bem menor, de apenas -0,34%. Isso pode ser indicador de uma futura virada na curva de evolução ou, pelo menos, de uma estabilização.


Commodities ainda puxando a queda

Como vimos em agosto, o principal fator por trás das quedas seguidas de arrecadação são as baixas nos preços das commodities que o Brasil exporta, principalmente do minério de ferro e do petróleo.

Este fator vem derrubando principalmente os valores arrecadados de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.


Combustíveis

Fazendo um contrabalanço, que compensa parcialmente as perdas nos tributos sobre os lucros das empresas, tivemos um crescimento da arrecadação de PIS/Cofins, que teve uma alta de 2,63 bilhões em setembro.

Esta alta foi causada pela elevação dos tributos sobre os combustíveis, anunciada pela equipe econômica do governo.


Corrida contra o tempo

A arrecadação chegando a um ponto de estabilidade e a economia desacelerando são fatores que atrapalham a tentativa do governo federal de zerar o deficit das contas públicas no ano que vem.

O orçamento de 2024, por enquanto, não fecha: faltariam R$ 168 bilhões.