Boa noite, amiguinhos. Confesso a vocês que, quando a Globo anunciou que reformularia seu humorístico dos sábados à noite, e abandonaria a fórmula dos bordões repetitivos, eu duvidei. Duvidei, neguei diante do espelho, e pensei: "e daí que eles contrataram a Dani Calabresa? Vão é podar a menina e ela vai virar mais uma ex-humorista-engraçada, triturada pela fórmula humorística dos bordões".
No primeiro sábado da nova atração, assisti uns pedaços. Ontem, vi o programa inteiro, atentamente, sem perder um segundo. Vamos às conclusões...
A primeira delas é evidente: Dani Calabresa foi uma grande aquisição da emissora. Ela estava meio "mula manca" no CQC, tentando fazer piadas em meio ao "jornalismo" do programa deixado por Marcelo Tas. Não era a praia dela. Fazendo personagens histéricas e caricatas, fica perfeita.
Agora, sobre o Zorra em si, que não é, nem de longe, centrado em Dani, temos muito a dizer.
O programa realmente não repetiu bordões nem personagens de uma semana para a outra. Dentro de um mesmo episódio, uma piada volta várias vezes (como aquela dos soldados), mas isso é perfeitamente natural, e os gênios do Monty Python mesmo faziam isso direto.
Aquelas gostosas genéricas desapareceram. Dançarinas, meninas que subiam escadas, essas coisas... sumiram. Muito embora Dani Calabresa seja bonitinha e Mariana Santos seja a humorista mais linda que já existiu (sério, acho ela perfeita), não há mais a "personagem" genérica mostrando a "bunda obrigatória". Temos personagens, e variados. Atores que passaram séculos fazendo sempre o mesmo tipo, agora vão variando de indumentária, tom e posição nas histórias.
O velho Zorra Total, que antes era algo bem próximo da "Praça é Nossa" e dos velhos programas de bordões do Chico Anysio, agora parece mais próximo de outro programa da própria emissora: o "Tá no ar", que vem fazendo sucesso e parece ter apontado o caminho para os figurões da Globo.
Podem me jogar tomate, dizer que eu sou cafona e que gosto de porcaria. Não interessa. O novo Zorra ficou legal, e me surpreendeu. É bem menos burocrático e previsível do que seu antecessor, e faz um tipo de humor atemporal, misturado a piadas que tiram sarro do momento atual. Guardadas as proporções, reedita, de longe, a fórmula de algumas fases da "TV Pirata".
Se a fórmula continuará firme? Se ela se esgotará? Não sei. Mas o novo "Zorra", apesar de ter herdado todo o elenco e equipe, não se parece em nada com o velho e carcomido "Zorra Total". Que o velho programa descanse em paz.