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    • 08/07/2013 - Videogames
      Os inimigos mais medíocres da história do videogame

      Quem disse que só personagens fortes, poderosos e difíceis de derrotar marcam a memória dos gamers de todas as idades?

      Hoje eu estava relendo uma de minhas revistas OLD!Gamer, uma das primeiras edições, daquelas de antes da inexplicável demissão do engraçadíssimo Amer Houchaimi, e lendo uma matéria dele sobre os ninjas memoráveis dos games, me deparei com a melancólica história de Geki, o ninja de Street Fighter 1 que nunca mais apareceu em jogo algum por ser muito genérico, medíocre e inexpressivo.

       

      Daí resolvi trazer a vocês uma lista com personagens cuja mediocridade seja notória. Muitos deles são inesquecíveis, justamente por serem uns bolhas. Alguns (inexplicavelmente) permanecem reaparecendo em jogos até hoje. Outros, vêem-se relegados ao anonimato. Conheça os ADVERSÁRIOS MAIS MIXURUCAS DA HISTÓRIA DO VIDEOGAME.

       

       

      WARREN (Power Athlete)

       

      Power Athlete foi um jogo de luta lançado em 1992, mais um dos inúmeros genéricos que tentaram capitalizar em cima do sucesso de Street Fighter 2. Foi lançado para o Mega Drive com o nome de "Deadly Moves" e para o Super NES como "Power Moves". Só por aí já dá para sentir a (falta de) seriedade da coisa.

       

      Este jogo era tão mequetrefe, que no modo para um player, o  jogador não podia escolher seu personagem: controlava Joe, um lutador que além de não ter o nome mais criativo do mundo, era um carateca inexpressivo e equilibrado, perfeito primo pobre do Ryu.

       

      Esse jogo tinha uma capa muito legal, e todo mundo caía no embuste, alugando-o nas locadoras. E TODOS esses infelizes lembram do famigerado Vagnad. Esse mongolão cinzento era para ser uma versão fuleira do Zangief, mas era tão macho que lutava em cima de um trem em movimento. Infelizmente, não é dele que estamos falando hoje.

       

      Warren, na tela de seleção e na tela de combate.  Notem que ele já tem cara de medo enquanto se prepara para levar outra surra humilhante.
      Nosso astro aqui é Warren, um havaiano, cujos golpes tinham nomes que lembravam coisas do mundo do surfe. Mas não era um surfistão bonitão, usando Long John... não! Era um tiozinho de meia-idade, bigodinho do Charles Bronson, e usando uma tanguinha verde!

       

      Warren era cômico. Já entrava na luta com meia barra de energia, e era normalmente o primeiro adversário que enfrentávamos nesse jogo. Incrivelmente, às vezes Warren se dava bem, porque a detecção de colisão e os controles de "Power Moves" eram uma ignomínia!


       

      BOMB MAN (Megaman/Rockman)

       

      O primeiro jogo do MegaMan, antes de ele virar um robô-emo-sayajin, quando ele era apenas um menino robô de roupa colante azul com uma arma no lugar do braço, tinha inimigos inventivos como o Fireman (um lança-chamas com pernas), Cutman (primo do Edward Mão-de-Tesoura), Iceman e outras figurinhas.

       

      Pois então: nove entre dez jogadores (fora os iniciantes, claro) optavam por enfrentar, em primeiríssimo lugar, o coitado do BombMan.

       

      Osama Bin Laden um dia foi brincar de Playmobil e montou esse vilão aí...

       

      Por quê? Porque o BombMan jogava umas bombas no herói, então, era só desviar delas (e oh, como era fácil desviar, nossa...), e meter bala no coitado. Depois, com a arma roubada desse pobre robô, criado inicialmente para fins de demolição e terraplanagem, dava para enfrentar o (esse sim) medonho GutsMan.

       

       

      DAMND (Final Fight)

       

      Segundo a história oficial, Damnd era um chefão do tráfico no Caribe que, com uma ordem de prisão expedida, fugiu para os EUA. Continuando em sua vida de crime, acabou recrutado pela Mad Gear, a gangue que burramente insiste em mexer com o prefeito Mike Haggar, mesmo já sabendo de antemão que ele chamará algum bando de desocupados e quebrará a cara de pelo menos duzentos bandidos pelas ruas.

       

      Damnd é o loiro grandão de óculos escuros. Notem que apesar de ser um pateta, deram a ele a missão de capturar a moça.

       

      O engraçado é que, apesar de ser um pateta, Damnd é quem seqüestra Jéssica (a filha do Haggar), levando todo jogador iniciante de Final Fight a achar que ele é o chefão final do jogo, ou ao menos, alguém muito importante dentro da Mad Gear. E esses mesmos iniciantes tomam um pau da primeira vez que o encontram no final da primeira fase. Algumas surras depois, percebem o padrão dos movimentos desse brutamontes idiota e passam a surrá-lo das formas mais humilhantes imagináveis.

       

      Ao ser derrotado no primeiro Final Fight, Damnd cai de joelhos e faz cara de quem está passando mal, até se esbagaçar de vez no chão, numa das cenas mais inesquecíveis dos beat’em-ups dos anos dourados dos fliperamas. Também é uma das expressões de derrota mais hmulhiantes de vilões de game em qualquer época. Damnd burramente volta em continuações do jogo, para levar mais porrada ainda.

       

       

      TED DIBIASE (WWF Wrestlemania)

       

      Ted Dibiase, em versão frangote.
      Para quem não é um fã antigo ou um maluco por luta livre, uma rápida apresentação: Ted Dibiase "o homem de um milhão de dólares", é um lutador que fez grande sucesso nos anos 70 e 80, atuando na WWF (atualmente, WWE). Encerrou sua carreira em 1994, quando tornou-se comentarista. Em cima do ringue, passou duas décadas como o principal vilão da história. Usava golpes sujos, comprava o juiz, contratava capangas para ajudá-lo. Agia de forma arrogante e cruel.

       

      Em 1989, no auge da glória do telecatch norte-americano, uma parceria entre Nintendo, Rare e Acclaim (só nome de peso!) lançou "Wrestlemania", o primeiro jogo de luta-livre da WWF para um console da Nintendo. A WWF, naqueles tempos, tinha Hulk Hogan como o herói da criançada. E no lado oposto, dois vilões terríveis: André "o Gigante", um cara de mais de dois metros de altura, e Ted Dibiase, o vilão "cerebral" que comandava as forças do mal.

       

      André o Gigante, arremessando Ted saco-de-pancadas Dibiase.
      Agora, vejamos: Hogan e André estão quase invencíveis no jogo (já o eram na vida real). Ted Dibiase nunca foi um lutador excepcionalmente forte, mas marcou sua história como um dos lutadores mais versáteis e técnicos da WWF, nunca fez feio no ringue. Até que fizeram esta versão miserável dele para o NES.

       

      No jogo, Dibiase é lento, fraco, seus golpes têm pouco alcance, e ele perde energia rapidamente ao apanhar. É o primeiro adversário que o jogador enfrenta, no modo normal de jogo. Tenho certeza de que quem programou o game foi algum fã inveterado da WWF, que nutria um ódio legítimo pelo vilão endinheirado.

       

       

      GABBY JAY (SUper Punch Out!)

       

      3 V: Velho, vesgo e vulnerável.
      Se vocês avançarem para o final desta lista, temos o campeão mundial da fraqueza, Glass Joe.

       

      Pois bem. Quando o jogo saiu para o Super Nintendo, alguém teve a brilhante ideia de substituí-lo por seu aluno, o ex-garçom que, depois de velho, cansou de ser grosseiro com os clientes (dizem qeu na França a educação é rara nos restaurantes), e resolveu virar lutador.

       

      Gabby tem muita força de vontade, para ingressar em um esporte tão intenso com a idade que tem. Mas também é muito burro, porque procurou logo a escola de seu conterrâneo Glass Joe, um boxeador tão lerdo e fracote que virou ícone e símbolo de falta de qualidade esportiva. Jay derrotou seu próprio professor, tomando dele o (último) lugar no ranking da WVBA, e o papel de saco de pancadas dos jogadores iniciantes.

       

      Aparentemente, a surra que levou foi tão grande que encerrou sua carreira, porque no Nintendo Wii, ele não deu as caras. Vai ver, morreu.

       

       

      BIRDO (Super Mario Bros 2)

       

      Até a primeira metade da década de 1980, a Nintendo fazia jogos para fliperama e para o Atari 2600, o grande videogame pai e mestre de todos os que vieram depois. Até que, em 1983, lançou seu próprio sistema, o NES de 8 bits, uma das maiores invenções da história da humanidade. E foi por essa época que um encanador italiano bigodudo e baixinho tornou-se mais famoso do que os Beatles: Super Mário estrelava um punhado de jogos, enfrentando um gorila em Donkey Kong, demolindo prédios em Wrecking Crew, e salvando a princesa no game que levava seu próprio nome.

       

      No final da década, a Nintendo preparava "Super Mario Bros 2", mas o projeto original acabou empacando por uma série de limitações técnicas. Achava-se que o NES não suportaria os recursos deste jogo. Daí, lançaram no Japão uma continuação oficial ao Mario Bros original (o raríssimo Lost Levels). Nisso, o projeto original de Mario 2 (aquele que foi trancado) foi lançado com outro nome e outros personagens. Mas quando chegou a hora de vender o Lost Levels nos EUA, a Nintendo americana resolveu lançar aquele Mario 2 original com os personagens originais. Disso, nasceu em 1988 um dos melhores jogos da franquia Super Mário até hoje, com um visual e uma mecânica de movimentos algo psicodélica, e vilões bem mais criativos do que os do Super Mario original.

       

      Confuso, né? Deixa pra lá. Vamos ao jogo.

       

      A primeira fase já é bastante complexa, com a possibilidade de entrar em portas, viajar para outra dimensão, movimentação vertical, essas coisas. No final desta fase, enfrenta-se um dinossauro cor-de-rosa chamado Birdo...

       

      Ai minha nossa... Birdo...


       

      Birdo mais parece um personagem do desenho do Bob Esponja.

       

      Birdo cospe ovos capazes de amassar a cara do Mario. Isso, até o jogador perceber que basta pular sobre o ovo para evitar ser atingido, cair EM CIMA DO OVO, agarrá-lo e jogar na cara do coitado do dinossauro.

       

      Como os ovos voam muito devagar, a tarefa torna-se simples. E repetindo-a umas duas ou três vezes, manda-se para a lona a pobre Birdo... o Glass Joe dos dinossauros.

       

      Quem é Glass Joe? Ora, se você não sabe, acho que veio ao blog errado... mas mesmo assim, agora terá a chance de saber!

       

       

      O PIOR DOS PIORES

      O SÍMBOLO DA TOSQUICE

      MESTRE ABSOLUTO DA FRAQUEZA

      GLASS JOE (Punch-Out!)!

       

      A primeira aparição no fliperama já dava a prévia das habilidades de luta do moço.
      Glass Joe, o mais fraco boxeador que já subiu em um ringue.
      Em 1984, nascia nos fliperamas uma das melhores franquias de games de toda a história, Punch-Out. Todos os jogos desta linha contam a história de Little Mac, um lutador de boxe iniciando sua carreira profissional, que deve enfrentar os mais espalhafatosos e estereotipados oponentes já vistos, para ir subindo no ranking da fictícia WVBA, até tornar-se o campeão mundial.

       

      O jogo teve depois uma adaptação para o Nintendo de 8 bits (que marcou a minha geração como um dos melhores jogos para o console, com um visual cartunesco que se aproximava do limite de qualidade possível no aparelho), uma "continuação" no Super NES (o mais "apócrifo" da série, com um Little Mac loiro e personagens diferentes, o que descontentou um pouco os fãs), e agora finalmente chega, com grande sucesso, ao Nintendo Wii.

       

      Glass Joe, fracote desde os tempos do NES.
      Pois bem... o primeiro personagem que Little Mac enfrenta, no Minor Circuit, é esse francês de nome Glass Joe (possivelmente uma piada com a expressão "glass jaw", "queixo de vidro", uma gíria para lutadores que caem com pouquíssimos socos).

       

      Glass Joe é um perfeito estereótipo do francês, visto pelo norte-americano. Ele gosta de tomar café em lugares chiques, só pensa em se aposentar, é covarde e fracote. Seu histórico de lutas é de 99 derrotas e uma vitória.

       

      Essa ÚNICA vitória... vocês não vão acreditar... foi contra Nick Bruiser, o CAMPEÃO MUNDIAL do Super Punch-Out (do Super NES). Claro que foi por acidente: Bruiser fez alguma cagada, deu um soco de mau jeito, e acabou caindo, dando ao sortudo Glass Joe algo para um dia contar aos netos.

       

      Assim como Glass Joe só tem UMA vitória em seu histórico, o quase invencível Nick Bruiser tem apenas UMA derrota (quer dizer, DUAS, se contarmos a que ele perdeu para Little Mac no final do jogo, claro).

       

      Tomando na cara!
      No Super Punch Out (Super NES) seu lugar foi tomado por seu próprio aluno, Gabby Jay (embora eu fique me perguntando, QUEM em sã consciência, iria querer aprender a lutar boxe com Glass Joe!). Jay também possui um histórico igual ao de Joe, e sabemos que sua única vitória foi contra seu professor. Porém, Gabby Jay não tornou-se tão querido e carismático quanto o saco-de-pancadas-MOR da série, e Glass Joe voltou na versão do Wii.

      Desde então, nunca mais ouvimos falar no pobre Gabby Jay. Mas também... não que ele fosse um personagem ruim ou mal elaborado. Acontece que ele não poderia mesmo querer tomar o lugar da LENDA da fraqueza que é Glass Joe.

       

      Glass Joe, dormindo na lona na versão para NES.
      Voltemos a falar do nosso amiguinho Joe...

       

      Seu estilo de luta é... bem... definam vocês mesmos: ele tem um jogo de pernas lento. Abre a guarda totalmente ao desferir socos (que até machucam um pouquinho, mas nada para se preocupar) e, sabendo disso, o medroso faz pouquíssimas tentativas de ataque. Mesmo assim, não é difícil atingí-lo. E com poucas pancadas, o coitado já treme as perninhas e se deita na lona.

       

      Esta imensa fragilidade só é um pouco amenizada no recente Punch-Out Wii, onde, após apanhar mais uma vez, Glass Joe atinge a marca de cem derrotas, e a WVBA permite que ele passe a usar um protetor de cabeça para ter alguma chance no ringue. Depois que Little Mac vence o campeonato, Joe o desafia, já com a moleira forrada. Não que com isso torne-se muito difícil, mas jogadores iniciantes finalmente terão a chance de dizer "eu passei um sufoco contra o Glass Joe".

       

      Glass Joe no Nintendo Wii: a tecnologia evolui, o tempo passa, mas a fraqueza é a mesma.

       

      Glass Joe tornou-se tão lendário que hoje é um dos personagens da Nintendo mais lembrados, ao lado de Super Mario, Donkey Kong e outros. A expressão "Glass Joe" virou uma gíria mesmo fora do mundo dos games. Bill Simmons, comenarista da ESPN, disse ao ver Wladimir Klitschko derrotar Chris Byrd, "...é como assistirmos Glass Joe tornar-se o campeão mundial".


       

      Glass Joe, dormindo na versão para Fliperamas.

       

       

      Hoje em dia é comum, no comentarismo esportivo norte-americano, que alguém refira-se a algum atleta especialmente medíocre como "o Glass Joe do futebol", ou "o Glass Joe do hockey", ou de que esporte for. No Brasil, temos Rubinho Barrichelo, o Glass Joe do mundo da velocidade.