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    • 31/12/2014 - Comunicação
      O caso Paulo Santana: a ZH não tem editor?

      Paulo Santana tem preconceitos? Sente-se bem em uma cidade sem negros? Não importa. Só sei que ele não deve ter amigos, porque alguém deveria tê-lo alertado que seu texto sobre Punta ia dar problema.

      O assunto do momento é a coluna do Paulo Santana, na Zero Hora, elogiando Punta del Este. Dentre os "elogios", ficamos sabendo que é um lugar elitista e que, principalmente, não há nenhum negro. Isso mesmo: podemos curtir um verão sem ver nenhum negro passando por nós na rua. Ah é.

       

      Estão duvidando que isso tenha sido escrito? Pois leiam aqui.

       

      Claro. O colunista depois se justificou dizendo que não achou Punta boa POR NÃO TER NEGROS e sim porque é boa, e descreveu este detalhe curioso do local, de ele não ter negros. Santana é casado com uma mulher negra. Mas é claro que o texto, em si, ia dar polêmica. Isso é visível. Talvez esse tenha sido o objetivo.

       

      Mas quero falar sobre edição de jornais...

       

       

       

      Para vocês, pessoas normais, com todos os parafusos na cabeça, que não editam jornais, eu vou explicar como funciona o fechamento de uma edição desses periódicos de papel.

       

      Jornais pequenos têm reportagem, colunistas de opinião, e um único editor, que escolhe o que vai ser impresso e o que não vai. Nos jornais do interior, esse sujeito é normalmente o dono da empresa jornalística.

       

      Nos jornais maiores, a gente tem grupos de reportagem, e os colunistas de áreas específicas, debaixo de um editor setorial, que manda naquilo ali: crime, esportes, política, etc. E acima desses editores medianos, tem o editor-chefe.

       

      Bom. Assim funcionam jornais. Mais ou menos. A grosso modo, é por aí.

       

      Eu já editei muito jornal. Recebemos as colunas dos nossos articulistas e damos uma lida para evitar problemas. Coisa mais feia do mundo é o editor cortar ou reescrever a opinião dos outros. Quando há absurdos cabais, telefona-se para o autor. "Olha, tem coisa ali que não dá, me manda o texto modificando esse tema". E assim segue a vida.

       

      Eu nunca editei a Zero Hora, claro. Eu editei e edito jornaizinhos interioranos com tiragens que são uma fração ínfima daqueles da RBS. Imagino que essa mega-empresa tenha gente muito mais preparada do que eu, e eu não quero aqui dar aulas a quem sabe mais do que eu sei.

       

      Mas... Paulo Santana escreveu bobagem. Estava na cara que seria interpretado como racismo. Eu mesmo não consigo enxergar a coisa de outra forma. Isso, no entanto, não me abisma. Escrever por escrever, falar por falar, eu ouço todo dia. Quem não?

       

      O que me abisma é que foi publicado! Foi publicado!

       

      Saiu em centenas de milhares de exemplares!

       

      Em um dos maiores jornais do Rio Grande do Sul!

       

      Ninguém leu antes? Paulo Santana é tão poderoso que os editores nem o confrontam com as próprias mancadas? Ou é tão detestado que alguém resolveu "deixar passar" só para vê-lo se estrepando?