Olhando preguiçosamente, parece que estamos diante de um clone da série "Rocky", e até estamos, mas só que não. Complicado né? Bom. Estamos, pelo menos, diante de um grande filme e eu preciso falar sobre ele com vocês.
Temos aqui umas mulheres bonitas (embora não haja sensualidade alguma no filme), temos uns caras durões, e temos violência. E temos drama. Muito drama.
Agora vamos falar do nome nada empolgante da película.
O título brasileiro, claro é meio "Sessão da Tarde", mas o nome original é "A Fighting Man", ou seja, "um homem lutando", ou "um homem que luta". Título vago, e por uma boa razão. Vamos a ela.
Toda a trama gira em torno de Sailor O´Connor, um lutador de boxe que já passou da idade, e nunca foi grande coisa: seu histórico não impressiona, mas um detalhe chama atenção. Ele jamais foi nocauteado. Aliás, nunca nem caiu no ringue. Seu apelido é "IronHead", ou seja, cabeça-de-ferro.
Sailor está fora do boxe há 4 anos e é chamado para uma luta, contra um jovem estreante chamado King Solomon, que é seu exato oposto: é jovem, rápido, ágil, tem fôlego, mas não tem nem metade da força.
Bom. King e Sailor vivem dramas pessoais muito profundos. E que também são exatamente opostos: King é movido pelo futuro, está com a namorada grávida, luta para sustentar uma vida que ainda iniciará. Sailor é movido pelo passado e pela morte, ele é atormentado pela memória, seus filhos morreram, e ele luta para arrumar dinheiro para realizar o último desejo de sua mãe, que está com câncer terminal. Ela quer ir à Irlanda uma última vez ver a família.
Então aí temos a coisa: Sailor é o protagonista mas muita gente vai se identificar com King. "Um homem lutando", grande título. Não estamos falando de um campeão, de um herói, e sim de dois Zé-Ninguéns (King ainda pode ser grande coisa, mas no momento luta por necessidade, e Sailor já esgotou suas chances). O espectador escolhe com qual deles vai viajar através do filme. Sailor é o protagonista, mas King pode muito bem o ser.
Vamos ao filme em si. Que tem um ritmo contagiante e gruda a gente na cadeira do início ao fim.
O filme inteiro consiste na luta de 10 rounds entre os dois, entrecortada por flashbacks que vão nos revelando suas histórias. Aliás, muito bem construídas. Esse filme tem uma carga dramática incrível. Mas eu não vou contar mais nada sobre isso, e acho que já contei demais. Não quero estragar a experiência de ninguém com spoilers.
A luta em si é sangrenta, empolgante, mas a partir da metade, consiste basicamente em ver Sailor exausto tentando bater no adversário mais rápido, e King acertando socos no oponente na tentativa de ser o primeiro e único homem a derrubá-lo. Durante a luta, os dois vão se descobrindo e Sailor vai desamarrando os nós de sua própria consciência.
O ELENCO
O elenco é bom. Sailor não tem esposa, mas seu "par" no filme, a mulher que tenta se redimir diante dele, é a Jean Grey do filme dos X-Men. Já a namorada do King é uma loirinha genérica mas muito engraçadinha, que dá vontade de pegar no colo.
O treinador do King, o velho Cubby, e o pessoal do corner de Sailor, uns velhotes malandros, compõem uma atração em si.
SPOILER SPOILER SPOILER – O FIM DA LUTA
Não leia esta parte se ainda for assistir ao filme. Eu vou dar spoilers.
Sailor encerra sua carreira de 64 lutas sem ser derrubado. King demonstra ter muita dignidade e ganha a simpatia do público. Ele vence a luta. O filme tem uma lição de moral embutida, mas eu não sei bem qual. Acho que ela depende da visão de cada espectador.