Este é o conteúdo do antigo Blog Fabio Salvador, do ano de 2004 até 2015.
      Muitos dos antigos dados foram perdidos, mas uma parte dos artigos publicados no velho site está aqui, resgatada, para consulta.
      Este é um site MEMORIAL, ele não receberá novos posts e não está aberto a novos comentários.
      Acessar
      o site
      ATUAL
      CATEGORIAS
    • Polí­tica e Reportagens
    • Reflexões e Polêmicas pessoais
    • A vida na CEEE
    • Cinema
    • Videogames
    • Carros
    • Comunicação
    • Informática
    • Entretenimento e Celebridades
    • Curiosidades
    • Falecimentos
    • Livros
    • Charges e Quadrinhos
    • 28/04/2014 - A vida na CEEE
      Finalmente, a proposta que vai dar fim à greve da CEEE, e os motivos para aprová-la

      A proposta é a melhor e mais segura que obteremos nesta greve. Só falta a categoria aprovar. E é preciso a colaboração de todos para isso.

      O dia hoje foi cheio. Pela manhã, assembleia sobre a proposta apresentada pela CEEE na sexta-feira. Acabou rejeitada por unanimidade em várias cidades. Em Porto Alegre, foi rejeitada por 302 a 36. No ato, saímos com três certezas:

      - Não aprovaríamos aquela proposta (claro).

      - Faríamos uma bagunça danada na frente do TRT para a audiência da tarde.

      - Diante do impasse, faríamos nova assembleia amanhã (terça) cedo para definir o que fazer (provavelmente, radicalização do movimento).

       

      Eu discursei duas vezes. Uma para botar a ideia óbvia de ir fazer barulho no TRT. A outra, para alertar sobre o risco de a nossa radicalização ser exatamente o que a empresa queria, para alegar que a greve é ilegal. Este segundo discurso não foi aplaudido como o primeiro, claro.

       

      E assim seguimos o dia. Até a hora da fatídica audiência das 17h. O dissídio de 2013, que seria julgado às 14h, saiu da pauta, diante da possibilidade de um acordo, ficando reagendado para o dia 12. No fim, entrou nas negociações das 17h mesmo. Então tanto faz.

       

      A AUDIÊNCIA QUE DEVE SER A ÚLTIMA DESTA GREVE

      Iniciada a audiência, tomamos um mega susto: a desembargadora deixou bem claro aos dirigentes do Senergisul que o não cumprimento dos percentuais mínimos de operação em alguns dias da greve colocava-a em risco de ser considerada ilegal.

       


      O Danilo, presidente do sindicato, argumentou que a própria desembargadora tinha dito que a greve era legal. Ela explicou que, na primeira audiência, havia dito que não julgaria a greve ilegal NO ATO como pedia a CEEE, mas não garantiu nada sobre quando a coisa fosse a julgamento.

       

      Aí, gelou o sangue de todo mundo.

       

      Não sei o que houve. Se foi falha da advocacia do sindicato, um mal entendido, ou se alguma coisa mudou nesse meio-tempo. A verdade é que houve erro na condução da greve – especialmente lá quando o sindicato colocou em votação numa assembleia o atendimento ou não a uma liminar – e passamos a conviver com o espectro da ilegalidade do movimento.

       

      Isso seria um desastre. Perderíamos feio, teríamos os dias descontados. Um horror.

       

      O calvário seguiu quando o Danilo tentava explicar à desembargadora as cobranças da categoria e ela tentava separar os dissídios 2013 e 2014 – apesar de a própria CEEE ter misturado tudo na sua última proposta, aquela que foi rejeitada cedo da manhã. A desembargadora parecia querer separar as questões, apesar de na audiência anterior já ter sido discutido tudo isso.

       

      Quando a direção da empresa resolveu apresentar uma nova proposta – pior que a anterior – aí ganhamos um respiro. O presidente Gerson Carrion foi explicar e a desembargadora acabou por fazer parecido com o que fizera com o presidente do sindicato. E a coisa não vingou.

       

      Neste momento, o Danilo e demais membros da direção do Senergisul ganharam muito terreno, explorando as falhas na argumentação dos adversários. Respirei aliviado, porque até ali, nossos representantes haviam estado na defensiva. Mas nada disso matou a questão.

       

      A audiência chegou a um impasse.

       

      NO ÙLTIMO SEGUNDO, A PROPOSTA SALVADORA

      No meio daquele clima medonho de estagnação, nosso amigo Wagner, da Oposição Eletricitária, teve uma ideia. Apresentou-a junto ao pessoal do sindicato e eles levaram para a mesa. Carrion, Emilia e demais membros da direção da CEEE foram para uma outra sala discutir.

       

      Comecei a sentir que alguma coisa sairia dali.

       

      E de fato... NASCEU! NASCEU A PROPOSTA PARA ACABAR COM A GREVE!

       

      A PROPOSTA QUE DEVEMOS APROVAR

      Sem mais delongas, vamos ao que interessa: MONEY!

       

      O salário-base continua reajustado pelo INPC (5,38%). O vale-alimentação vai para R$ 850,00. E o auxílio-saúde, para R$ 320,00. As demais cláusulas também ganham INPC. À vista.

       

      O PPR 2013 será pago repartido da seguinte forma: 25% convertido em folgas, e trocado automaticamente pelos dias de greve (ou seja, não seremos descontados em nada). Os descontos do dia 31 de Março voltam em folha suplementar até o dia 10 de Maio.

       

      Os outros 75% serão pagos em DEZ parcelas de 257 reais.

       

      O PPR 2014 continua na mesma de antes: 40% em pecúnia (cascalho, grana, pila), e 60% em folgas. Nada no mundo é perfeito, afinal.

       

      E finalmente a CEREJA DO BOLO, o nosso PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS. Em 60 dias, a contar do dia 2 de Maio (sexta), será formada a comissão para rediscutir o PCS. E ela terá membros vindos da base da categoria (aliás, se puder me candidatar, eu quero).

       

      Quarta-feira, dia 30 de Abril, teremos Assembleia para votar SIM ou NÃO a esta proposta. Eu votarei SIM. E explico.

       

       

      MOMENTO BONITO DA AUDIÊNCIA

      O presidente do Senergisul olha para nós e diz que faria a proposta. Mas que ela teria que ser aprovada e que nós da Oposição teríamos que ajudar nisso. É a primeira vez que eu vejo estes senhores admitirem que temos força junto à categoria.

       

      POR QUÊ EU GOSTO DESTA PROPOSTA?

      Receber o PPR parcelado será um bom incremento no salário, especialmente de quem ganha menos. Um administrativo, que ganha em média mil e trezentos reais mensais, se brigasse por aumentos na cabeça do contracheque, e obtivesse mais 2%, receberia 26 reais de acréscimo. As parcelas do PPR correspondem a dez vezes isso.

       

      Ah, mas a grana do PPR 2013 acaba. Acaba em Fevereiro de 2015. Em Março, teremos outro dissídio. E aí, é uma nova luta, num novo cenário. E com a categoria já tendo aprendido com os erros e acertos deste ano.

       

      Eu gosto desta proposta, especialmente, porque indo até o fim na Justiça, podemos tanto receber nosso PPR 2013 todo em pecúnia, mais alguns pequenos reajustes em salário e benefícios, mas corremos o risco de, indo para o "tudo ou nada", acabarmos tomando uma ilegalidade, perdendo os dias parados, e não ganhando nada.

       

      Então, troca-se alguns ganhos idealizados, incertos, pela CERTEZA de conquistar alguma coisa. E olhem... 257 reais no mês é bastante para quem ganha pouco, que é a maioria da nossa base!

       

      Se a greve se prolongar, corremos um risco enorme de derrota. Alguns setores começam a tender para a radicalização, que pode por tudo a perder. Enquanto em outros a adesão está se erodindo rapidamente.

       

      Não estamos diante de uma proposta ideal. Mas, diante do quão longa, cansativa, e agora incerta, já está esta greve, é quase impossível que ganhemos muito mais que isso. É preciso admitir que não vamos muito mais longe. É hora de aproveitar que ganhamos algum terreno e fincar a bandeira nele. Sairemos com um dinheiro no bolso. Avançaremos em algumas questões como o PPR.

       

      E teremos, principalmente, aprendido a fazer greve. Isso, nunca mais poderão tirar de nós. Somos hoje uma categoria muito diferente daquela que éramos no início do ano.

       

      Devemos aprovar esta proposta. A greve deve chegar ao fim. Já fomos longe. Haverão outros dissídios e outras lutas para avançarmos mais.

       

      Parabéns, colegas eletricitários. Saímos com muito mais do que entramos. Retornemos ao trabalho. E nos mantenhamos mobilizados, em contato, ligados. A luta continua.

       

      Esta batalha acabou. E nós, ainda que parcialmente, vencemos.

       

      Uma boa terça-feira a todos. E bom voto na quarta. Comemoremos.

       

       

       

       

      PS: sabem o que eu acho irônico? Que hoje, antes da audiência, os diretores do sindicato me disseram que a proposta anterior teria sido aprovado se nós não tivéssemos "ido ao Facebook no final de semana escrever bobagem". Que bom que fizemos isso. Porque agora temos uma proposta bem melhor.