Contraste e semelhança
Um dos conceitos mais subjetivos da tipologia é o da definição do que seja, afinal de contas, contraste e semelhança de fontes. Subjetivo, porque depend dos olhos de quem vê. Na hora de fazer escolhas tipológicas, o projetista gráfico tem que esquecer que seu trabalho é técnico, e encarnar um pouco sua alma de artista. Para não errar nesta parte, é preciso ter nascido com um senso estético próprio para este tipo de trabalho, ou então, desenvolver um ao longo da vida. O contraste entre fontes se dá por conta da diferença, não apenas de formato de daus fontes (na verdade, formato é o que menos importa), e de peso. O uso do contraste obedece sempre aos objetivos que se quer alcançar, ao efeito desejado.
Primeiro, vamos a um exemplo de grande contraste entre as fontes, na relação entre um título e um texto. Este grau de contraste é muito usado pelos jornais, porque direciona o olho do leitor para o que interessa: a chamada bombástica.
Agora, observe o mesmo texto na forma de um documento burocrático. A semelhança entre as fontes não lhe inspira monotonia? Aqui, não há um esforço para que o leitor olhe uma coisa ou outra com mais atenção, ou antes. Documentos legais em geral são desenhados assim porque não foram feitos para atrair público, e sim, carregar informações que têm importância em si, e não precisam de atrativos visuais.
Outro exemplo de contraste. Mas aqui, utilizado de maneira imprópria, pois inverte as prioridades visuais (o texto chama mais a atenção do que o título). Não há nenhum veículo que use com freqüência este tipo de relação, mas isso não quer dizer que tal coisa não seja possível ou utilizável.
Quanto à semelhança, basta saber que é o oposto do contraste.
A grande questão para aquele que escolhe as fontes a serem usadas em uma publicação impressa qualquer é trabalhar bem com contrates e semelhanças.
Dosando contrastes
A maioria dos jornais lança mão de um grande constraste entre o texto e os títulos, como forma de destacar os últimos em meio aos elementos da página. Assim, o leitor já enxerga o jornal como um catálogo de assuntos, e escolhe pela chamada aqueles que mais interessam. Já nos livros, o uso deste recurso tem se tornado cada vez mais comum. O uso de pouco contraste tende a tornar uma publicação entediante. Já o excesso deste, dá um ar sensacionalista. Veja três exemplos logo abaixo:
Exemplo 1: note a falta de contrastes. Ficou chato, não é? Essa notícia não atrai a atenção do leitor.
Exemplo 2: o título é gritante, e o destaque também ficou diferenciado. Isso "chama" o olho do leitor.
Exemplo 3: mais equilibrado e de aparência mais séria que o segundo, note que usamos três fontes diferentes sem ficar carnavalesco.
CAPÍTULOS DO MANUAL:
1 - Projeto Gráfico e Diagramação
2 - Medidas e noções de desenho dos espaçamentos
3 - Elementos da páguna, seus usos organização
4 - Tipologia, o estudo das famílias de letras
5 - Contraste e semelhança tipológica e seus efeitos
6 - O uso das fontes adequadas para cada elemento