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    • 27/08/2013 - Cinema
      The One and Only (1978)

      Henry Winkler imortalizou-se com o seriado Happy Days. Injustamente, quase todo mundo já esqueceu deste filme que, no entanto, é uma bela obra sobre fama, ego, talento e os anos de inocência da luta livre.

      Se é para fazer o papel de vilão, tem que despertar o ódio do público!
      Este filme passou algumas vezes na TV aqui no Brasil e até saiu em VHS, com o nome de "O Grande Gozador", o que causa até hoje alguma confusão com um filme nacional, homônimo, de 1972. Fora o título duvidoso da versão brasileira, não saiu em DVD. Ou seja, é um filme quase esquecido.

       

      Quem fala inglês, pode assisti-lo no Youtube.

       

      A HISTÓRIA

      A ação toda parece ocorrer nos anos 1950, embora nenhuma data específica nos seja dada. Tirei esta conclusão por causa dos móveis e carros presentes no filme, e dos modelos de TVs.

       

      Quando o filme começa, somos apresentados a Andy, um jovem com um ego do tamanho do mundo, que acredita ser predestinado à fama. Ele se apaixona por Mary, uma menina bonitinha, cortejada por outros garotos. Andy é tão seguro de si que propõe que a menina case-se com ele, "antes que eu fique famoso demais para notá-la."

       

      Mas ah garanhão!
      Incrivelmente, ele conquista a namoradinha. E segue preparando-se para ser um astro: nas peças de teatro da escola, recusa-se a dizer as falas normais, muda o roteiro no improviso, e transforma tudo em comédias escrachadas, irritando professores e colegas.

       

      Tem uma cena hilária: o jantar na casa dos pais da namorada, onde o debochado irrita todo mundo, bagunça a refeição dos parentes da menina, e ainda acha que fez uma belíssima primeira impressão!

       

      Mary tem que ralar enquanto o marido tenta fazer sucesso.
      Acabada a escola, Andy e Mary casam-se e vão para Nova York, onde ele imagina que irá para a Broadway em poucas semanas.

       

      Mas o sonho não se realiza de imediato, e Mary acaba pegando um emprego de secretária para sustentar o casal. Passam-se os meses, e nada de Andy "estourar". Para piorar, Mary fica grávida.

       

      Andy só tem amigos esquisitões, incluindo um anão, que há algum tempo vinha falando sobre Luta Livre, uma forma rápida de ganhar alguns trocados.

       

      Os pais de Mary e o anãozinho tarado - por incrível que pareça, nesta cena o baixinho dá em cima da coroa e o marido dela nem nota.

       

      Não só anões, mas gigantes também vivem por aí.

       

      Desesperado por grana, Andy decide subir ao ringue. Como não tem porte, nem força, nem técnicas, ele resolve fazer o que fazia na escola: atuar, exageradamente. E começa a inventar personagens, como se o ringue fosse um palco de teatro.

       

      Você está com sono...
      Surpreendentemente, Andy e seus personagens conquistam um grande apelo junto à audiência: ele luta fingindo-se de nazista, trasvestido de mago com poderes hipnóticos, e mais uma série de vilões do ringue. O público o odeia, e lota os eventos para vê-lo em toda sua maldade.

       

      Até que um dia, ele cria seu personagem definitivo: O Amante, lutador de comportamento andrógino e roupas bufantes (um amálgama dos lutadores reais Gourgeous George e Rick Flair). Um combatente que beija os inimigos, dá passos de balé em cima do ringue, joga beijos para todo lado e arranca suspiros da plateia feminina.

       

      O Amante, personagem definitivo no filme.

       

      Em um determinando momento, Mary está com seus pais, vendo TV, quando eles reconhecem o genro usando peruca e saltando pelo ringue. Mesmo constrangida, ela ainda o ama e compreende que, sem o público, ele não existe. E além disso, como O Amante, ele finalmente ganha o suficiente para dar a ela e ao bebê uma vida decente. Acima de tudo, Andy, finalmente, encontrou a fama e a fortuna, embora não tenha sido nada parecido com o que ele esperava.

       

      UM POUCO DE ANÁLISE

      Cartaz original do filme.
      Depois que Andy começa a lutar, o resto do roteiro é meio previsível, meio clichezão da comédia romântica típica. Mas os personagens são muito bem construídos! Eles são superficiais, são estereotipados, no entanto, tiram sua força da atuação do elenco, e tornam-se memoráveis. E são perfeitos para o clima do filme.

       

      Para mim, os personagens mais "analisáveis" são os pais de Mary. Eles são certinhos, bem-sucedidos, e se veem obrigados a conviver com um mundo "obsceno": a pobreza, anões, gigantes, gente do sideshow. Em 1978, era pré-politicamente correto e pré-inclusão, a deformidade física era sinônimo de uma vida "no submundo", de trabalhos bizarros... como o verdadeiro show de aberrações que encenavam no ringue neste filme.

       

      VISÃO TÉCNICA

      Andy sonhando alto.
      A trilha sonora é absolutamente irrelevante, tanto que nem lembro dela. A fotografia é típica de filmes dos anos 1970, em algumas partes fica meio tediosa pelo excesso de cores sem vida. Mas, no geral, é bonitinha. Os figurinos são passáveis, sem briho (a não ser os de Andy, na parte final).

       

      As atuações, como eu já disse, salvam boa parte do filme. E as falas são impagáveis, especialmente as do Andy. Quem escreveu o roteiro deste filme era, na certa, um debochado de primeira linha, que aproveitou para dizer através do personagem tudo o que gostaria de dizer às pessoas na vida real.

       

      NO FIM DAS CONTAS...

      Outro cartaz da época.
      Este é um bom filmezinho, um filme menor, despretensioso, mas agradável em sua abordagem feijão-com-arroz da fórmula da comédia leve. Isso, abordando um tema muito interessante, a fama, sem o arroubo dramático de "Baby Jane" nem a auto-análise perturbadora de "Sunset Boulevard". Estes e outros filmes abordam a coisa toda como alguém que macha em uma direção definida. "The One and Only" o faz como quem caminha pela rua, assobiando, de uma forma despreocupada.