Este é um daqueles filmes que, depois de passar pelos cinemas e locadoras, vai direto para a Sessão da Tarde ou outro programa do tipo. Comédia leve, conta a história de dois sujeitos que embarcam em um cruzeiro gay, pensando estar em um barco cheio de mulheres.
O clima de escracho total do filme é complementado pela atuação a la Eddie Murphy de Cuba Gooding Jr, e pelas previsíveis desmunhecadas da tripulação gay do navio. No meio do besteirol todo, assuntos como preconceito, sexo e confiança aparecem de forma muito superficial, mas ajudam na mecânica do filme. As piadas, no entanto, não têm nada da boçalidade esperada de um filme de comédia que trata de homossexualismo. Acho que nunca conheci um gay que tenha ficado ofendido com as caracterizações feitas nesta produção, porque justamente os personagens mais panacas são os dois héteros que embarcaram de gaiatos, e em alguns momentos parecem "a versão gorda e a versão negra" dos garotos de "American Pie".
No final, acabamos simpatizando com a espalhafatosa população do cruzeiro, à qual juntam-se loiras suecas de biquini e a ex-namorada de um dos personagens principais. Destaque para um velho agente 007, estereótipo do gay rico de meia idade, afetado, sofisticado, pernóstico, amante das artes e apaixonado por um dos protagonistas – a "bixa velha" é vivida pelo legendário (e ex-James Bond) Roger Moore, fazendo uma grande atuação em tom de autoparódia.
Apesar da mistura de temas aparentemente "pesados" para o público infantil, o filme mantém-se leve, até inocente, do início ao fim – as referências "sexuais" são bastante atenuadas e as cenas de ação não envolvem pancadaria, lembrando mais as palhaçadas dos Três Patetas. "Cruzeiro..." pode ser assistido por pessoas de todas as idades sem nenhum problema.