Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo viu-se dividido em dois: de um lado, o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos. Do outro, o bloco socialista comandado pela União Soviética. Do lado vermelho da Cortina de Ferro, empresas (todas de propriedade dos governos) trataram de criar carros para o povo poder guiar pelas ruas e estradas. Alguns eram muito bons, outros horrendos mas fortes como tanques de guerra. Já outros eram verdadeiras engenhocas, e alguns, entravam em produção mesmo sendo claramente perigosíssimos para motoristas e pedestres.
Hoje vamos dar uma olhada em cinco dessas coisas criadas nas terras da foice e do martelo.
Velorex Oskar
Pais: Tchecoslováquia
Em 1948, o governo tchecoslovaco lançou um concurso, para tentar escolher o design de um carro projetado para o povo, que fosse econômico e tivesse dois lugares. O vencedor foi este monstrengo, lançado em 1951, que Chegava aos 60km/h, velocidade incapaz de empolgar. Mas o consumo era bem empolgante: fazia 23km/litro.
AWZ P70, vulgo "morte certa"
País: República Democrática (ha ha ha) da Alemanha
Lançado em 1956, na fábrica de Zwickau, Alemanha Oriental, este carro veio pouco antes de outro clássico do mundo socialista, o Trabant. Tinha um motor 0.7, de dois tempos, dois cilindros.
Fraco, pequeno, mas econômico, o carrinho introduziu uma novidade tecnológica que seria depois a marca registrada dos carros da Alemanha Oriental: o aço era escasso na Alemanha, então a lataria era feita de Duroplast. Isso fazia dele um carro extremamente leve e fácil de dirigir e barato de produzir. O Duroplast foi realmente uma solução inteligente e ecológica, já que era feito com restos das fábricas têxteis da União Soviética.
Só tinha um probleminha: a carcaça de fibra associada a um tanque de combustível mal posicionado fazia com que dar qualquer batida tivesse 99% de chances de morte.
Melkus RS1000 - o foguete alemão
País: República Democrática da Alemanha
Para compensar a bomba que era o AWZ e seu irmão "motor de lambreta" Trabant, os alemães orientais tinham o Melkus. Olhem bem para essa foto...
É um Puma? É um Miura? É um Delorean? Não! É o Melkus, esportivo lançado em 1969 pela fábrica de mesmo nome, na Alemanha Oriental. Equipado com o velho e conhecido motor dois-tempos, de três cilindros, o monstrinho era extremamente leve, e chegava a 210km/h. Um foguete para a época, em qualquer parte do mundo, comunista ou não!
Tatra T600
País: Tchecoslováquia
A Tatra, fábrica de automóveis sediada na República Tcheca (antiga Tchecoslováquia), é uma empresa bem antiga: fundada em 1850, fabricava carroças e carruagens. Em 1897, fez seu primeiro carro, e desde então, tornou-se conhecida como uma empresa que não tinha medo de ousar nas formas de suas criações. Quando todo mundo fazia carros quadrados, parecidos com carruagens, a Tatra fez um carro arredondado cujas linhas frontais serviriam de "inspiração" (leia-se, FORAM PLAGIADAS) no Fusca.
Em 1948, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, e já sob o comando do Estado socialista, essa inovadora empresa lançou o T600, uma das coisinhas mais esquisitas que já se viu. O motor era um 2.0, refrigerado a ar, e ficava atrás. Tinha seis lugares, e um coeficiente de aerodinâmica de apenas 0.32, espantoso mesmo para os carros atuais (semelhante ao do Laborghini Murcielago 2001).
Dacia 1300 - o corcel do Drácula
País: Romênia
Um dos carros mais longevos e bem sucedidos do mundo socialista foi esse bólido, feito pela fábrica (do governo socialista, claro) da Romênia. O "1300" no nome já diz o volume em cilindradas do motor original. Lançado em 1969, este carro é um velho conhecido dos brasileiros: o mesmo projeto que deu origem a ele na Romênia, originou o nosso clássico Corcel, de 1968.
Econômico, confiável, simples de manter, confortável, o "Corcel romeno" sobreviveu muitos anos, apenas com mudanças estéticas (grades moderninhas, faróis quadrados). E para quem pensa que o sucesso do 1300 deveu-se à falta de competição num mercado controlado pelo Estado planificado, fica o desmentido: o carrinho continuava vendendo na Romênia mesmo depois do fim do socialismo. O último Dácia 1300, o de número 1.979.730, deixou a fábrica em julho de 2004, um mês antes de o modelo completar 35 anos do lançamento.