O cenário dessa história é o Rio de Janeiro do século XIX. Um português chamado João Romão, dono de um cortiço, um mercadinho e uma pedreira, começa a ficar rico e quer entrar pro high society. E vou te dizer… este cara é um GRANDESSÍSSIMO FDP. Porque ele, em seu caminho de ascensão social, faz uma m**** atrás da outra. E não, o universo não o pune.
Lembro de ter lido este livro pela primeira vez ainda na escola. Alguma coisa me fez gostar da obra. Engraçado é que, quase 30 anos depois, eu continuo apaixonado por ela.
“O Cortiço” é uma espécie de épico brasileiro – como “O Poderoso Chefão”, acompanha a jornada de um cara que é um “nada” até ele virar “alguém”.
Romão é um sujeito de muitos vícios e poucas virtudes, com um tempero bastante brasileiro. Um retrato nu da classe média tupiniquim com ambições de pertencimento à aristocracia. Ele é um bundão, com uma autoimagem de “empreendedor”.
Mas Romão é apenas o eixo central da narrativa. Ao contrário de outras obras da época, que focam-se em uma figura ou uma família só, “O Cortiço” se assemelha muito a uma telenovela, com vários núcleos de personagens e “subplots” interessantes.
E além dos personagens, existe o tecido social e a cidade ao redor. A forma como tudo isso se transforma, como a vizinhança vai tomando forma e mudando de perfil, de paisagem. É impossível ler sem imaginar tudo acontecendo. É algo que remete às transformações que nós, leitores, vemos nas nossas próprias cidades. É uma experiência de imersão.
Em resumo: é um baita livro.